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Psicólogos comentam como falar sobre morte com crianças em tempos de Covid-19

Com a pandemia de Covid-19, ainda vigente, tornou-se ainda mais difícil lidar com o tabu da morte. O isolamento social e a falta de rituais de despedida são complicadores para a vivência do luto em tempos de pandemia. O quadro se agrava ainda mais quando é preciso falar sobre morte com as crianças. Sobre essa temática foram ouvidos os psicólogos Fabrício Oliveira, Fernanda Lopes e Juliana Vieira.

Segundo os especialistas, muitas vezes, na tentativa de protegê-los, os adultos evitam um contato inevitável da criança com essa temática. Mas segundo os especialistas o melhor é tornar o assunto mais acessível para as famílias e desenvolver com cuidado a aceitação da perda na criança. Para Fabrício Oliveira. “Nossos pais, familiares e amigos evitam o assunto e, caso aconteça alguma morte nesse processo de crescimento, somos pegos de supressa para lidar com tal fato”, afirma ele, acrescentando que é muito comum as pessoas evitarem o assunto. A maioria gosta mesmo é de falar dos bons momentos da vida e da continuidade.

Segundo Fernanda Lopes, que também, a morte ainda é um tabu social que as pessoas evitam falar a qualquer custo e esse tabu é reverberado para outras gerações. “Temos a ideia errônea de que evitar falar sobre morte vai nos impedir de viver a dor e o sofrimento. Mas ela é inevitável, e quando encontramos espaço para o diálogo é o momento em que abrimos uma janela para que esse processo seja vivido de maneira mais confortável. Sendo assim, isso não é diferente com as crianças. Evitar falar sobre isso não protege as crianças do processo do luto, bem como pode ser um grande complicador na vida adulta”, disse.

Assim também pensa Juliana Vieira onde diz que muitos pais se equivocam no momento de comunicar a morte de um ente querido, utilizando uma linguagem fantasiosa com a criança. “Não devemos falar que a pessoa querida que faleceu foi viajar, está dormindo ou papai do céu levou. A criança precisa ter uma sensação concreta e racional sobre o que aconteceu, até mesmo para não gerar perda de confiança, sensação de revolta ou o sentimento de ter sido abandonado pela pessoa querida. Além disso, temos que dar espaço para a criança falar o que se sente e abrir um diálogo sobre isso, podendo até mesmo usar uma linguagem com elementos lúdicos para que a compreensão seja mais fácil. ”

“Uma das formas é lembrar a criança de experiências de perdas anteriores (pode ser um bichinho de estimação, uma plantinha) e usar essa experiência para ajudar na situação atual. Se houver rituais virtuais, é necessário estimular a criança a fazer alguma homenagem (seja via cartinha, vídeo, cantar uma música) e se esforçar para que as homenagens da criança chegue até lá, validando o seu esforço e a criação. É necessário se manter perto da criança fisicamente, responder os seus questionamentos de forma honesta e repetidas vezes se for preciso, além de permitir que a criança expresse todos seus sentimentos sobre a perda”, comenta Fernanda.

Da Redação

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