Neto do ex-presidente Lula, Arthur Araújo Lula da Silva, sete anos, morreu vítima de meningite meningocócica na manhã desta sexta-feira (1º). A progressão da doença foi feroz: o garoto deu entrada no Hospital Bartira, em Santo André, no Interior de São Paulo, às 7h11min e faleceu cinco horas depois. Médicos infectologistas afirmam que a avassaladora progressão é comum na versão bacteriana da doença que, infelizmente, tem altas taxas de mortalidade e de sequela.
A meningite é a inflamação da meninge, membrana que reveste o cérebro e a medula espinhal. Essa "capa protetora", além de impedir a entrada de agentes intrusos em órgãos importantes do corpo, também filtra os nutrientes que chegam à região.
Quando uma bactéria ou vírus vence as células de defesa do organismo e se deposita nas meninges, essas membranas inflamam (daí o nome "meningite", uma vez que "ite" é o radical para "inflamação").
— A meningite sempre é infecção considerada grave. Mas, das meningites, as bacterianas são muito graves, com chance maior de deixar sequelas e levar a óbito. As meningites virais são bem mais comuns e são infecções com menor gravidade e com bem menos sequelas e óbitos — explica Paulo Ernesto Gewehr Filho, infectologista do Hospital Moinhos de Vento.
Os dois maiores responsáveis pela meningite bacteriana são as bactérias meningococo e pneumococo — esta, se chegar ao pulmão, causa pneumonia, mas é menos grave do que a bactéria que atacou o neto de Lula. Há também casos causados pela bactéria haemophilus.
A meningite meningocócica começa na garganta (uma vez que a bactéria entra pelas vias aéreas). Os primeiros sintomas são dor de garganta, seguido de dor de cabeça, vômitos e pintas em todo corpo – as manchas, quando apertadas com o dedo, não saem da pele. Em crianças, alguns sintomas comuns são irritação e sonolência.
O quadro mais grave da doença é quando a bactéria cai no sangue e causa infecção generalizada em outros órgãos do corpo — o cenário é chamado de meningococcemia. Aqui, o quadro é extremamente rápido.
— A meningite meningocócica é rapidamente progressiva e letal muitas vezes. Se não é letal, leva à perda de membros, de extremidades, de dedos, nariz e orelha. Quando ocorre meningococcemia, é uma situação de emergência médica e a criança ou adulto deve ser levado para o hospital rapidamente, porque qualquer meia hora faz diferença. Não é uma bactéria resistente a antibióticos, mas é muito agressiva, diz Teresa Sukiennik, chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa.
Quando a origem é bacteriana, as principais causadoras são as bactérias meningococo e pneumococo. Quando a meningite é viral, há uma gama de vírus causadores – incluindo os responsáveis por gripe, sarampo e herpes. Há também casos de meningite causada por medicamentos.
Dor de cabeça, vômitos, rigidez na nuca e no pescoço (o paciente não consegue baixar a cabeça), cansaço e febre alta. A doença tem alta taxa de sequelas – entre elas, surdez, perda dos movimentos, confusão mental, paralisia e problemas de raciocínio.
Por saliva, seja por tosse, espirro ou contato em ambientes fechados e aglomerados.
Quando a meningite é causada por bactéria, o tratamento é com antibiótico. Quando é causada por vírus, médicos usam, em alguns casos, antiviral, ou, em outros, aguardam a passagem de sintomas, como no caso da gripe.
Como a inflamação ocorre no sistema nervoso central, as sequelas dependem de qual área do cérebro foram afetadas pela bactéria ou pelo vírus. Entre os riscos, estão epilepsia, paralisia cerebral e problemas permanentes de fala, compreensão e raciocínio.
Crianças, por conta dos hábitos de colocar tudo na boca. Adultos, porém, também podem ser vítimas, uma vez que a transmissão ocorre em locais fechados e por saliva.
Sim. Há vacinas na rede pública e privada contra a meningite bacteriana causada por pneumococo e meningococo. A meningite viral pode ser causada por centenas de vírus, mas há vacinas que imunizam contra alguns causadores — caso do sarampo, por exemplo.
As informações são do portal Gauchazn
Redação
Foto: Ricardo Stuckert
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