A Secretaria de Estado da Saúde (SES) reuniu, nesta sexta-feira (20) pela manhã, representantes da rede de saúde pública e privada, no auditório do Centro Formador de Recursos Humanos (Cefor-PB), com o objetivo de repassar o cenário atual do sarampo no Brasil e na Paraíba, além de orientar sobre o manejo clínico da doença e alinhamento dos fluxos assistenciais. Mais de 100 profissionais de saúde (da 1ª, 2ª e 3ª Macrorregião) participaram da atividade, entre diretores técnicos de unidades hospitalares, profissionais da assistência e profissionais de vigilância epidemiológica.
Considerando que o sarampo é uma doença infecciosa, transmissível e extremamente contagiosa, podendo evoluir para complicações e óbitos – principalmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade – a SES reforçou a necessidade de implementação de ações integradas entre a atenção primária, atenção especializada e a vigilância epidemiológica no manejo clínico e epidemiológico. É extremamente importante que seja mantida a assistência hospitalar e seguimento da assistência ao usuário suspeito de sarampo.
“Esse chamamento a esses profissionais de saúde é fundamental nesta fase em que já foram confirmados cinco casos de sarampo no Estado e outros 85 estão sendo investigados. A tendência é que as pessoas que suspeitam estar com a doença se dirijam às unidades de saúde. Então, é muito importante que esses profissionais estejam atualizados e capacitados para receber esses pacientes, notificar imediatamente os casos suspeitos, comunicar às equipes de Vigilância em Saúde e tratar de maneira adequada”, disse o secretário da Saúde, Geraldo Medeiros.
A gerente executiva de Vigilância em Saúde da SES, Talita Tavares, pontuou que a transmissão do sarampo é intensa. Uma pessoa doente pode transmitir o vírus para 20 pessoas.
“Se existe qualquer suspeita, deve existir a vigilância. Reforçamos a todo instante a importância da vacinação! Estamos voltando a discutir com quem faz a assistência doenças que poderiam ser evitadas. A vacina continua sendo a única maneira de combater o sarampo, sem ela a população está adoecendo”, alertou.
Dados – Na Paraíba, até a 37ª Semana Epidemiológica, foram notificados 138 casos suspeitos de sarampo. Do total de notificações, cinco casos foram confirmados, foram descartados 48 casos e 85 seguem em investigação aguardando exames.
A vacina é a única forma de prevenção contra a doença. Os tipos de vacinas são: dupla viral – protege do vírus do sarampo e da rubéola, podendo ser utilizada para o bloqueio vacinal em situação de surto; tríplice viral – protege do vírus do sarampo, caxumba e rubéola; tetra viral – protege do vírus do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora).
Talita Tavares relatou que vários municípios paraibanos estão com baixas coberturas de vacinação. “No momento, a Paraíba tem 86,17% de cobertura vacinal. Olhando o Estado como um todo, parece perto de 95%, que é a meta recomendada pelo Ministério da Saúde, mas alguns municípios estão com coberturas baixíssimas e é aí que mora o perigo, porque muitas crianças, que são justamente o público-alvo, estão desassistidas e podem adoecer e, ainda, propagar o vírus”, informou.
A Campanha de Vacinação contra o Sarampo, com o objetivo de interromper a circulação do vírus do sarampo no país, será realizada de forma seletiva, ocorrendo em duas etapas: a primeira no período de 7 a 25 de outubro, dia D em 19 de outubro e como público-alvo crianças de seis meses e menores de 5 anos de idade ( 4 anos, 11 meses e 29 dias); a segunda etapa será no período de 18 a 30 de novembro; dia D em 30 de novembro e como público-alvo a população de 20 a 29 anos de idade. Estes dois públicos foram priorizados para a participação nessa estratégia considerando que estão entre os mais acometidos e com maior incidência de doença nos surtos registrados em 2019. Ainda, especificamente as crianças menores de 5 anos que apresentam maior risco de complicações e/ou óbitos.
A SES explica: quem tem de 1 a 29 anos de idade precisa ter tomado duas doses da vacina. Quem tem de 30 a 49 anos precisa comprovar uma dose (subentende-se que essas pessoas já haviam tomado uma primeira dose quando crianças). Quem já tomou duas doses durante a vida, da tríplice, da tetra ou com componente contra o sarampo, não precisa mais receber a vacina.
Se não há comprovação de vacinação nas faixas indicadas, há necessidade de adultos receberem a vacina. Atenção: a caderneta de vacinação é um documento pessoal muito importante e deve ser guardada por toda a vida. Para quem não se lembra que tomou a vacina ou perdeu o cartão de vacinação, a orientação é simples: agir como se não tivesse sido imunizado e procurar um posto de saúde pra tomar a vacina. Mesmo que a pessoa tenha tomado a vacina antes, tomar de novo não vai fazer mal. Entretanto, a gerente executiva de Vigilância em Saúde da SES, Talita Tavares, explica que as campanhas de atualização das cadernetas serão divididas em etapas, em virtude da alta produção dos insumos.
“A autoridade de saúde precisa entender que a meta do Ministério da Saúde, neste momento, é diminuir as complicações e os óbitos em crianças menores de cinco anos de idade porque elas são mais suscetíveis às complicações e óbitos por causa da doença. Posteriormente, terão outras fases de vacinação previstas para novembro deste ano e fevereiro de 2020”, explicou.
A vacina é contraindicada para os casos suspeitos de sarampo, gestantes (devem esperar para serem vacinadas após o parto), menores de seis meses de idade e imunocomprometidos.
Sarampo – O sarampo é uma doença é grave, principalmente em crianças menores de cinco anos, desnutridas e imunodeprimidos (pessoas que têm as suas defesas imunológicas fracas e são facilmente contagiadas por vírus ou bactérias). A transmissão do vírus ocorre a partir de gotículas de pessoas doentes ao espirrar, tossir, falar ou respirar próximo de pessoas sem imunidade contra o vírus sarampo. O alerta de complicações vale, principalmente, para bebês e crianças com deficiência de vitamina A, desnutridos, gestantes, imunodeprimidos e adultos jovens entre 20 e 29 anos.
“Todos os casos são prioridade para a Paraíba. A intenção é que todos os municípios estejam com a vigilância ativa com os casos suspeitos e que notifiquem imediatamente, mesmo que esses casos sejam descartados depois. A notificação de caso suspeito de sarampo é obrigatória e deve ser feita às autoridades sanitárias e de vigilância em até 24 horas. Apresentando essa sintomatologia, é importante ir ao posto de saúde mais próximo para receber a devida assistência”, informou Talita Tavares.
Sintomas – Os sintomas que apontam um caso suspeito de sarampo são: febre alta (de 39º a 40º), tosse seca, coriza, vermelhão na pele (que começa na cabeça e se alastra pelo corpo), conjuntivite não purulenta (sem secreção amarela), manchas de Koplik (esbranquiçadas na região da mucosa e da boca).
“A partir do momento que a pessoa, diante dos sintomas clínicos, suspeita que esteja com sarampo, ela deve procurar atendimento. As medidas corretas de vigilância só serão aplicadas se esse paciente buscar ajuda profissional. A população precisa estar ciente da sua responsabilidade, principalmente com relação à vacinação, que é a única medida realmente efetiva para o controle e combate ao sarampo”, explicou a médica infectologista Monnara Lúcio, alertando ainda que devem ser considerados casos suspeitos todos os indivíduos que apresentem sintomas do sarampo e que tenham histórico de viagem para locais com circulação do vírus nos últimos 30 dias.
Os casos confirmados, por sua vez, passam pelo critério laboratorial, critério vínculo epidemiológico e, ainda, pelos critérios clínicos.
Fluxo assistencial – O paciente entra na unidade e, já na recepção, ele deve ser avaliado, principalmente com relação aos exantemas (manchas vermelhas na pele).
“As manchas avermelhadas são fáceis de serem identificadas. Quando o paciente chega com essas manchas ao serviço de saúde, seu atendimento já vai ser priorizado. O profissional que fizer essa observação, ainda na recepção, vai encaminhar essa pessoa para o enfermeiro ou técnico de enfermagem responsável. Avaliando que este paciente tem outros sintomas associados, ele já é considerado caso suspeito de sarampo”, informou a coordenadora do Núcleo de Urgência e Emergência da SES, Deborah Gomes.
Identificada a suspeita, o paciente já recebe uma máscara cirúrgica para evitar a contaminação, já que ela acontece pela via respiratória.
“Quando o médico detecta que realmente se trata de um caso suspeito, duas medidas devem ser tomadas em até, no máximo, 24 horas: a coleta de sangue, que deve ser enviada para o Laboratório Central do Estado (Lacen-PB) e a vigilância do serviço faz a notificação imediata à Vigilância Epidemiológica do município e do Estado”, explicou.
Em seguida, esse paciente volta para o domicílio e lá deve ficar, evitando sair, até quatro dias desde o início do aparecimento do exantema.
“Essas medidas são tomadas em todas as unidades de saúde, independentemente da situação vacinal do paciente. Mesmo que esta pessoa esteja com o cartão vacinal em dia e, ainda assim, apresentar os sintomas, trata-se de um caso suspeito de sarampo. Se ele não tiver complicações, pode se tratar em casa mesmo. Se tiver complicações simples, segue no serviço onde foi atendido, em sistema de isolamento”, disse Deborah.
Caso existam complicações graves, o paciente será encaminhado para os serviços de referência: Complexo Arlinda Marques, Hospital Clementino Fraga e Hospitais Universitários.
Redação com Secom/JP