A Secretaria de Estado da Saúde (SES) inicia a campanha do Dezembro Vermelho, nesta quarta-feira (1º), com ação no Parque Solon de Lucena, em João Pessoa, a partir das 8h. O intuito do evento é testar e dialogar com a população sobre cuidados, prevenção e tratamento. Estima-se que aproximadamente 6 mil pessoas, na Paraíba, podem ter HIV/aids e não sabem.
De acordo com a gerente operacional de condições crônicas e IST da SES, Ivoneide Lucena, ainda há muita desinformação sobre o vírus e o agravo. Ela reforça que o objetivo da campanha é alertar as pessoas, por isso, durante o mês de dezembro, serão realizadas ações voltadas para a testagem, diagnóstico e sensibilização.
“A proposta este ano é levar os serviços para os espaços onde a população esteja. Estamos estimulando os 223 municípios a fazerem a oferta de teste rápido. Procurem grupos, população geral, um espaço que tenha um fluxo de pessoas para fazer o teste. Nós fizemos isso em outubro, alusivo à sífilis. É nesse momento que conseguimos alcançar quem não procura os serviços de saúde”, pontua.
A gerente explica que para cada caso notificado, 10 outros casos não são. Em 2021, 660 pessoas foram diagnosticadas com HIV e aids. Por isso, a estimativa é que cerca de 6 mil pessoas precisam ser testadas para saber do diagnóstico. “Tem aquelas pessoas que não têm sintomatologia, mas são portadoras de HIV e não sabem. Se elas tiverem relações sexuais sem os cuidados necessários, podem passar para outra pessoa. O que a gente quer é diminuir a quantidade de pessoas já doentes com aids. Se tiver só com o vírus a gente entra com a medicação e a qualidade de vida permanece boa como se encontra”, explica.
Sobre o cenário atual do HIV/aids na Paraíba, Ivoneide Lucena afirma que, com base nos dados da SES, até outubro de 2021 foram registrados 494 casos de HIV e 166 novos casos de aids. “Se fizermos uma comparação com os anos anteriores, observamos que há uma diminuição nas notificações. Mais precisamente, uma queda de 40% no diagnóstico de novos casos precoce de HIV. Já chegamos a diagnosticar, por ano, mais de mil pessoas. Essa queda de notificações ainda está ligada à pandemia”, observa.
Com relação à distribuição de casos de aids segundo o sexo, a Paraíba tem a maior prevalência na população masculina, com 124 casos notificados, enquanto na feminina foram 42. Fazendo um recorte por faixa etária, a maior concentração dos casos de aids foi observada em pessoas com idade entre 20 a 59 anos, sendo maior no grupo entre 20 e 29 anos, com 46 casos notificados o que representa 27,7% do total.
Sobre os dados de exposição hierarquizada de aids em adultos, por categoria, observa-se que nos últimos anos a principal via de transmissão foi a sexual e o predomínio de exposição é a heterossexual, com 35,5%, seguido de homossexual, com 20,5%, bissexual, com 3,6%. Nos casos de HIV em gestante, o ano de 2021, até o mês de outubro, houve um aumento de 0,2% em relação ao ano de 2020.
Quanto à mortalidade, no ano de 2021, foi registrado no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) um total de 133 óbitos por causa básica aids. Os municípios com os maiores números de óbitos são: João Pessoa (49), Santa Rita (10), Sousa (6), Bayeux (5), Pedras de Fogo (5) e Rio Tinto (5).
Sobre o tratamento, Ivoneide Lucena afirma que é ofertado em toda a Rede SUS, para todas as pessoas que têm a confirmação do diagnóstico. Atualmente, os 223 municípios da Paraíba disponibilizam o teste rápido para a detecção do vírus nos postos de saúde e em 20 minutos é possível receber esse resultado. Em casos positivados, o usuário é encaminhado para os serviços de referência da Paraíba, orientado a fazer exames laboratoriais e acompanhado por um infectologista. O Complexo Hospitalar Clementino Fraga é a referência estadual no tratamento do HIV/aids desde o ano de 1988.
A gerente operacional reforça que é importante a divulgação de estratégias de prevenção combinada que são: a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP), que é o uso de medicamentos diante de uma situação de risco; e a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PREP), que consiste no uso diário de medicamento antirretroviral para evitar a infecção pelo vírus. O uso de preservativos masculino e feminino continua sendo o principal meio de proteção.
Redação com assessoria