A sibutramina, medicamento usado em dieta para diminuição de peso, deve continuar sendo vendida no mercado brasileiro, disse Dirceu Barbano, diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência reguladora fez um estudo sobre o medicamento e o relatório deve ser votado na próxima semana pela diretoria, mas, para Barbano, não há motivos para haver um resultado diferente.
Em outubro de 2011, a Anvisa suspendeu o registro da anfepramona, do femproporex e do mazindol e restringiu o uso da sibutramina, todos medicamentos usados para a redução de peso. Segundo Barbano, nesse período não houve um aumento no uso da sibutramina com a suspensão dos outros inibidores.
O relatório da agência apontou ainda que houve queda no número de notificações de eventos adversos, hipertensões e quadros de arritmia, relacionados ao uso de sibutramina proporcionalmente ao número de receituários.
“Está havendo uma maior vigilância por parte do profissional. O objetivo de reduzir o prazo para receita é fazer com que o médico monitore o paciente. À medida que a gente observar que o número de notificações não muda muito, a gente pode rever esse processo”, disse.
Barbano explicou que, enquanto a sibutramina foi registrada com base em estudos que comprovam a sua eficácia, a anfepramona, o femproporex e o mazindol não têm nada que ateste que funcionam, e, segundo ele, ainda existem “dados consistentes que demonstram a precariedade da segurança desses produtos”.
Ontem (26), a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados voltou a discutir o Projeto de Lei (PL) 2.431/2011, que pretende proibir a Anvisa de vetar a produção e a comercialização dos quatro medicamentos. Barbano defendeu na comissão que os medicamentos foram retirados do mercado em defesa da saúde das pessoas.
Entenda o mecanismo de ação da sibutramina e das anfetaminas
Ele ressaltou que no dia em que algum laboratório apresentar estudos adequados mostrando a efetividade desses inibidores, o produto poderá voltar a ser comercializado no país. A diretora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Rosana Radominski, ressaltou que todos os medicamentos têm efeitos colaterais.
“O que precisamos é balancear os riscos e os benefícios. Para Rosana, o uso adequado de medicamentos ajuda o paciente obeso a controlar a doença”, disse. Ela ressaltou que depois da suspensão dos inibidores muitos pacientes ficaram sem opção de tratamento.
“Como tratar o paciente que não consegue perder peso só com mudança de estilo de vida e que não tem indicação para cirurgia?”, indagou. Segundo a endocrinologista, mais de 70% dos pacientes que fazem tratamento para obesidade não conseguem perder peso só com a mudança de estilo de vida.
IG