Categorias: Saúde

Sobre como venci o alcoolismo, o tabagismo e o câncer

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À companheira Eloise Elane, que há trinta anos me enche de fé, força, amor e carinho.

Nasci talhado para superar adversidades.
Melhor dizendo: Deus me fez pronto para transpor os mais cruéis obstáculos que porventura a vida viesse a me impor. E Nossa Senhora de Fátima, de quem sou devoto, sempre me acolheu sob o seu manto…

Venci três inimigos cruéis; invencíveis para a esmagadora maioria de suas vítimas. Pela ordem: o alcoolismo, o tabagismo e, agora, o câncer.

A cada três meses ainda terei que fazer exames para as revisões de praxe. Faz parte do procedimento. Mas, para a Medicina, posso me considerar curado. Tanto que só precisei de quatro ciclos de quimioterapia, com três sessões cada, já concluídos. Nem medicamento precisarei continuar tomando.

Fim de rama
Para ser sincero, a minha primeira batalha foi contra a expectativa negativa que a própria família projetava sobre mim.

Sou o caçula dos cinco filhos de Seu Sales e Dona Ceiça. Nasci na Rua Monsenhor Walfredo, em Serraria, para mim o centro do universo. Como “fim de rama”, em casa fui tratado com mimo de praxe. Mas também sob expectativas sombrias: “Este, não vai dar pra nada…”

Todos os outros seriam alguma – ou muita – coisa na vida. Mas este negrinho aqui…

Esta batalha eu travei e venci sem ter nem consciência de que estive na arena. Para mim, era mais do que normal a projeção doméstica sobre o meu futuro, porque era assim desde que nasci. Era “normal”. E só vim me dar conta da desgraça que esperavam de mim quando, já pai de três filhos, reencontrei um parente em pleno centro histórico de uma Capital brasileira, que disparou: “Mas você, hein! Frustrou todo mundo. Quem diria que você daria para ser gente…”. Neste momento, um filme foi rebobinado na minha cabeça e tomei consciência de que a vida já vinha tentando me derrubar desde sempre. Afinal, não é fácil vencer quando a própria família lhe projeta o pior dos futuros.

O alcoolismo
A mais dura batalha foi contra o alcoolismo. Por incrível que possa parecer, foi infinitamente mais demorada, dolorosa, desgastante e cruel do que a luta contra o câncer. No que pesem as nove cirurgias, a mutilação de quatro órgãos e os quase três anos de incursões por clínicas, hospitais e máquinas de ressonância magnética, a que estive submetido.

Não há sofrimento, não há dor da alma maior do que estar abaixo da lama do poço, atolado no álcool; de estar na contramão de tudo e de todos; sentir o peso da decadência como profissional e, sobretudo, da condição de ser humano.

Não sou – nem nunca fui – de perder a fé. E sempre acreditei que venceria. Tenho como uma das minhas filosofias de vida a ideia de que nada nesta vida é definitivo. Tudo passa, principalmente as coisas ruins.

Mas é preciso ter humildade quando se está no chão; é imperioso não perder a noção de si próprio; de saber que está na merda e, sem ajuda de alguém, provavelmente não sairá dela.
E foi assim que fiz. Procurei ajuda, humildemente, quase rastejando. E tive a sorte de bater na porta certa (e é aí que entra a mão de Deus e o manto de Nossa Senhora de Fátima). Fui acolhido e amparado por Rubens Nóbrega e sua então esposa Lúcia, dois anjos da guarda, sem os quais eu provavelmente estaria morto há pelo menos 20 e tantos anos.

A história é longa e tenho dificuldade de chegar ao seu final. Mas lhe garanto, caríssimo leitor, que o que Rubens e Lúcia fizeram por mim, talvez eu não fizesse por eles.

Tabagismo
Esta é a guerra mais difícil de vencer. Até porque é menos desgastante, socialmente. Dizem que faz um mal danado à saúde. E deve fazer mesmo. A mim nunca fez.

É um vício que adquirimos muito cedo. Tem um charme, socialmente falando. Para a minha geração, empinar um cigarro era símbolo de maturidade, de autonomia. Também era uma forma de seduzir as menininhas.

Mas foi difícil abandonar o danado do cigarro. Passei vexames, como sair catando piola no meio fio, porque no meio da noite faltou o danado do cigarro.

Fiz de tudo para deixar de fumar. Em vão.
Aliás, quase em vão. Afinal, o amor pela música me arrebatou do tabagismo.
Aos 54 anos resolvi aprender a tocar trompete, um sonho de infância.
Na primeira aula, o meu professor Glaucio Xavier foi enfático: “Ou o cigarro ou o trompete. Os dois, não rola”.

Abandonei o cigarro. Ainda tive uma recaída, mas por poucos dias e deixei de vez.

Vou ficando por aqui. Terminei fazendo um texto muito aquém do que havia planejado.

Mas é que há certos assuntos que nos tiram do prumo.

Fiz o menos ruim que pude.

Até mais ver

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