Nasci talhado para superar adversidades.
Melhor dizendo: Deus me fez pronto para transpor os mais cruéis obstáculos que porventura a vida viesse a me impor. E Nossa Senhora de Fátima, de quem sou devoto, sempre me acolheu sob o seu manto…
Venci três inimigos cruéis; invencíveis para a esmagadora maioria de suas vítimas. Pela ordem: o alcoolismo, o tabagismo e, agora, o câncer.
A cada três meses ainda terei que fazer exames para as revisões de praxe. Faz parte do procedimento. Mas, para a Medicina, posso me considerar curado. Tanto que só precisei de quatro ciclos de quimioterapia, com três sessões cada, já concluídos. Nem medicamento precisarei continuar tomando.
Fim de rama
Para ser sincero, a minha primeira batalha foi contra a expectativa negativa que a própria família projetava sobre mim.
Sou o caçula dos cinco filhos de Seu Sales e Dona Ceiça. Nasci na Rua Monsenhor Walfredo, em Serraria, para mim o centro do universo. Como “fim de rama”, em casa fui tratado com mimo de praxe. Mas também sob expectativas sombrias: “Este, não vai dar pra nada…”
Todos os outros seriam alguma – ou muita – coisa na vida. Mas este negrinho aqui…
Esta batalha eu travei e venci sem ter nem consciência de que estive na arena. Para mim, era mais do que normal a projeção doméstica sobre o meu futuro, porque era assim desde que nasci. Era “normal”. E só vim me dar conta da desgraça que esperavam de mim quando, já pai de três filhos, reencontrei um parente em pleno centro histórico de uma Capital brasileira, que disparou: “Mas você, hein! Frustrou todo mundo. Quem diria que você daria para ser gente…”. Neste momento, um filme foi rebobinado na minha cabeça e tomei consciência de que a vida já vinha tentando me derrubar desde sempre. Afinal, não é fácil vencer quando a própria família lhe projeta o pior dos futuros.
O alcoolismo
A mais dura batalha foi contra o alcoolismo. Por incrível que possa parecer, foi infinitamente mais demorada, dolorosa, desgastante e cruel do que a luta contra o câncer. No que pesem as nove cirurgias, a mutilação de quatro órgãos e os quase três anos de incursões por clínicas, hospitais e máquinas de ressonância magnética, a que estive submetido.
Não há sofrimento, não há dor da alma maior do que estar abaixo da lama do poço, atolado no álcool; de estar na contramão de tudo e de todos; sentir o peso da decadência como profissional e, sobretudo, da condição de ser humano.
Não sou – nem nunca fui – de perder a fé. E sempre acreditei que venceria. Tenho como uma das minhas filosofias de vida a ideia de que nada nesta vida é definitivo. Tudo passa, principalmente as coisas ruins.
Mas é preciso ter humildade quando se está no chão; é imperioso não perder a noção de si próprio; de saber que está na merda e, sem ajuda de alguém, provavelmente não sairá dela.
E foi assim que fiz. Procurei ajuda, humildemente, quase rastejando. E tive a sorte de bater na porta certa (e é aí que entra a mão de Deus e o manto de Nossa Senhora de Fátima). Fui acolhido e amparado por Rubens Nóbrega e sua então esposa Lúcia, dois anjos da guarda, sem os quais eu provavelmente estaria morto há pelo menos 20 e tantos anos.
A história é longa e tenho dificuldade de chegar ao seu final. Mas lhe garanto, caríssimo leitor, que o que Rubens e Lúcia fizeram por mim, talvez eu não fizesse por eles.
Tabagismo
Esta é a guerra mais difícil de vencer. Até porque é menos desgastante, socialmente. Dizem que faz um mal danado à saúde. E deve fazer mesmo. A mim nunca fez.
É um vício que adquirimos muito cedo. Tem um charme, socialmente falando. Para a minha geração, empinar um cigarro era símbolo de maturidade, de autonomia. Também era uma forma de seduzir as menininhas.
Mas foi difícil abandonar o danado do cigarro. Passei vexames, como sair catando piola no meio fio, porque no meio da noite faltou o danado do cigarro.
Fiz de tudo para deixar de fumar. Em vão.
Aliás, quase em vão. Afinal, o amor pela música me arrebatou do tabagismo.
Aos 54 anos resolvi aprender a tocar trompete, um sonho de infância.
Na primeira aula, o meu professor Glaucio Xavier foi enfático: “Ou o cigarro ou o trompete. Os dois, não rola”.
Abandonei o cigarro. Ainda tive uma recaída, mas por poucos dias e deixei de vez.
Vou ficando por aqui. Terminei fazendo um texto muito aquém do que havia planejado.
Mas é que há certos assuntos que nos tiram do prumo.
Fiz o menos ruim que pude.
Até mais ver
A empresa de viagens online Booking divulgou esta semana sua previsão para o turismo mundial…
O vice-governador da Paraíba, Lucas Ribeiro, participou neste sábado (23) da inauguração do novo Aeroclube…
O Vice-Presidente do Senado Federal, Senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) manteve contato telefônico na…
O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado,…
A Polícia Militar apreendeu mais uma arma de fogo na região de Cabedelo, na grande…
A partir deste domingo (24), os Jogos da Juventude João Pessoa 2024 iniciam uma nova…