Apesar da pandemia da covid-19 ter causado um surto de casos em todo o mundo, não foi a doença que mais afastou funcionários das empresas nos últimos meses. Um levantamento feito pela B2P, empresa de acompanhamento e gestão de funcionários afastados por razões médicas, apontou que os transtornos mentais ocupam 2º lugar no ranking e superam as ocorrências pelo vírus, que ficaram na quarta posição.
Neste domingo (1º), Dia do Trabalhador, a psicóloga do Sistema Hapvida, Carine Machado, explica que uma rotina de trabalho estressante pode contribuir para o desenvolvimento de uma série de doenças mentais, como ansiedade, depressão e a tão crescente síndrome de burnout. Os transtornos são acompanhados de diversos sintomas que afetam a qualidade de vida e o rendimento no ofício. “Elas podem apresentar ansiedades, fobias, dores de cabeça, insônias, enjoos, sono excessivos e somatização em geral”, lista a especialista.
Em casos mais graves, o trabalhador pode apresentar dores generalizadas, dificuldade de acordar, sudorese, taquicardia, desmaio, memória em defasagem, enxaqueca e problemas intestinais.
Enquanto uma doença contagiosa como a covid-19 requer que o funcionário comunique os superiores, decidir contar ou não sobre transtornos mentais vai depender do empregado, que deve avaliar quanto a doença afeta sua produtividade.
“Se fosse uma doença física, como na coluna, e aquilo interferisse na rotina de trabalho, porque a pessoa carrega peso, é de bom tom que ela fale com quem deve ser falado para não se prejudicar. Da mesma forma acontece com os transtornos mentais. É uma forma também de buscar adequar a rotina de trabalho ”, exemplifica.
Com o aumento de doenças mentais, as empresas também devem estar preparadas para lidar com o funcionário doente e até mesmo buscar criar um ambiente de trabalho mais leve, com mais empatia e menos tensão. “As empresas devem incentivar a gentileza, o respeito e o acolhimento. Ter cuidado com as cobranças e focar na valorização da pessoa, com reconhecimento e gratidão, o que gera a segurança e o bem-estar do funcionário”, avalia.
Para amenizar a pressão do trabalho e qualquer sintomas de desgaste emocional, Carine recomenda uma rotina de atividades após o expediente que vai servir para ‘desligar’ o colaborador de suas responsabilidades na empresa. As folgas também devem ser aproveitadas para interesses além do emprego. Caso as orientações não sejam suficientes, o acompanhamento médico é necessário. “É importante buscar ajuda psiquiátrica ou psicológica. Há casos que precisam de medicamentos e terapia para uma melhora”, apontou.
Pesquisa – Conforme o levantamento da B2P, em primeiro lugar em afastamento estão as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, seguidas pelos transtornos mentais. Em terceiro lugar, as lesões e apenas em 4º, a infecção pelo novo coronavírus. A pesquisa considera os afastamentos entre março de 2020 a março de 2021.
PB Agora
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